9.5. Configuração Geral da Rede de Comunicação

9.5.1. Criando Arquivos de Configuração de Interface de Rede de Comunicação

Os arquivos em /etc/sysconfig/ usualmente determinam quaisquer interfaces são levantadas e derrubadas pelo script da rede de comunicação. Esse diretório deveria conter um arquivo para cada interface a ser configurada, tal como ifconfig.xyz, onde xyz descreve a placa da rede de comunicação. O nome da interface (por exemplo, eth0) usualmente é apropriado. Cada arquivo contém os atributos de uma interface, tais como endereço(s) IP dela, máscaras de sub-rede, e por aí vai. A base do nome do arquivo precisa ser ifconfig.

[Nota]

Nota

Se o procedimento na seção anterior não foi usado, [então] o Udev atribuirá nomes de interface da placa de rede de comunicação baseados em características físicas do sistema, tais como enp2s1. Se você não tem certeza qual é seu nome de interface, [então] você sempre pode executar ip link ou ls /sys/class/net depois que você tenha inicializado o seu sistema.

Os nomes de interface dependem da implementação e configuração do processo de segundo plano Udev em execução no sistema. O processo de segundo plano Udev para o LFS (instalado na Seção 8.76, “Udev originário de Systemd-256.4”) não executará até que o sistema LFS seja inicializado. Assim, os nomes de interface no sistema LFS não pode sempre ser determinado executando-se aqueles comandos na distribuição anfitriã, mesmo no ambiente chroot.

O seguinte comando cria um arquivo modelo para o dispositivo eth0 com um endereço estático de IP:

cd /etc/sysconfig/
cat > ifconfig.eth0 << "EOF"
ONBOOT=yes
IFACE=eth0
SERVICE=ipv4-static
IP=192.168.1.2
GATEWAY=192.168.1.1
PREFIX=24
BROADCAST=192.168.1.255
EOF

Os valores em itálico precisam ser mudados em cada arquivo para configurar corretamente.

Se a variável "ONBOOT" estiver configurada para "yes", [então] o conjunto de comandos sequenciais da rede de comunicação do "System V" levantará a "Network Interface Card" ("NIC") durante o processo de inicialização do sistema. Se configurado para qualquer coisa exceto "yes", [então] a "NIC" será ignorada pelo conjunto de comandos sequenciais da rede de comunicação e não será iniciada automaticamente. As interfaces podem ser manualmente iniciadas ou paradas com os comandos "ifup" e "ifdown".

A variável IFACE define o nome da interface, por exemplo, eth0. Ela é exigida para todos os arquivos de configuração do dispositivo da rede de comunicação. A extensão do nome do arquivo precisa corresponder a esse valor.

A variável SERVICE define o método usado para obter o endereço de IP. O pacote LFS-Bootscripts tem um formato modular de atribuição de IP, e criar arquivos adicionais no diretório /lib/services/ permite outros métodos de atribuição de IP. Isso é comumente usado para Dynamic Host Configuration Protocol (DHCP), o qual é endereçado no livro BLFS.

A variável GATEWAY deveria conter o endereço padrão de IP do gateway, se um estiver presente. Se não, então comente a variável inteiramente.

A variável PREFIX especifica o número de bits usados na sub-rede. Cada segmento de um endereço de IP é 8 bits. Se a máscara de rede da sub-rede for 255.255.255.0, então ela está usando os primeiros três segmentos (24 bits) para especificar o número da rede de comunicação. Se a máscara de rede for 255.255.255.240, [então] a sub-rede está usando os primeiros 28 bits. Prefixos mais longos que 24 bits são comumente usados por DSL e Internet Service Providers (ISPs) baseados em cabos. Nesse exemplo (PREFIX=24), a máscara de rede é 255.255.255.0. Ajuste a variável PREFIX de acordo com sua sub-rede específica. Se omitida, [então] o PREFIX padrão é 24.

Para mais informação veja-se a página de manual do ifup.

9.5.2. Criando o Arquivo /etc/resolv.conf

O sistema precisará de alguma meio de obter resolução de nome do Domain Name Service (DNS) para resolver nomes de domínio da Internet para endereços de IP, e vice versa. Isso é melhor alcançado colocando o endereço de IP do servidor de DNS, disponível a partir do ISP ou do(a) administrador(a) da rede de comunicação, no /etc/resolv.conf. Crie o arquivo executando o seguinte:

cat > /etc/resolv.conf << "EOF"
# Início do /etc/resolv.conf

domain <Seu Nome de Domínio>
nameserver <Endereço de IP do seu servidor primário de nome>
nameserver <Endereço de IP do seu servidor secundário de nome>

# Fim do /etc/resolv.conf
EOF

A declaração domain pode ser omitida ou substituída por uma declaração search. Veja-se a página de manual para resolv.conf para mais detalhes.

Substitua <Endereço IP do servidor de nome> pelo endereço de IP do DNS mais apropriado para a configuração. Frequentemente existirá mais que uma entrada (exigências demandam servidores secundários para recurso de substituto). Se você precisa ou quer somente um servidor de DNS, [então] remova a segunda linha servidornome do arquivo. O endereço de IP também possivelmente seja um roteador na rede local de comunicação.

[Nota]

Nota

Os endereços do DNS do Google Public IPv4 são 8.8.8.8 e 8.8.4.4.

9.5.3. Configurando o Nome de Dispositivo do Sistema

Durante o processo de inicialização, o arquivo /etc/hostname é usado para estabelecer o nome de dispositivo do sistema.

Crie o arquivo /etc/hostname e informe um nome de dispositivo executando:

echo "<lfs>" > /etc/hostname

<lfs> precisa ser substituído pelo nome dado para o computador. Não informe o Fully Qualified Domain Name (FQDN) aqui. Essa informação vai no arquivo /etc/hosts.

9.5.4. Personalizando o Arquivo /etc/hosts

Decida acerca de um "Fully-Qualified Domain Name" ("FQDN"), e possíveis apelidos para uso no arquivo /etc/hosts. Se usar endereços estáticos de IP, [então] você também precisará decidir acerca de um endereço de IP. A sintaxe para uma entrada de arquivo "hosts" é:

Endereços_IP meuhost.exemplo.org apelidos

A menos que o computador seja para estar visível para a Internet (por exemplo, existe um domínio registrado e um bloco válido de endereços atribuídos de IP—a maioria dos(as) usuários(as) não tem isso), assegure-se de que o endereço de IP está no intervalo de endereço privado de IP da rede de comunicação. Intervalos válidos são:

Intervalo de Endereço Privado de Rede   Prefixo Normal
10.0.0.1 - 10.255.255.254               8
172.x.0.1 - 172.x.255.254               16
192.168.y.1 - 192.168.y.254             24

x pode ser qualquer número no intervalo 16-31. y pode ser qualquer número no intervalo 0-255.

Um endereço de IP privado válido poderia ser 192.168.1.1.

Se o computador for para estar visível para a Internet, [então] um "FQDN" válido pode ser o próprio nome de domínio ou uma sequência de caracteres resultante da concatenação de um prefixo (geralmente o nome do dispositivo) e o nome de domínio com um caractere .. E você precisa contactar o provedor de domínio para resolver o "FQDN" para seu endereço de IP público.

Mesmo se o computador não estiver visível para a Internet, um "FQDN" ainda é necessário para determinados programas, tais como "MTAs", funcionarem corretamente. Um "FQDN" especial, localhost.localdomain, pode ser usado para essa finalidade.

Crie o arquivo /etc/hosts executando:

cat > /etc/hosts << "EOF"
# Inídio do /etc/hosts

127.0.0.1 localhost.localdomain localhost
127.0.1.1 <FQDN> <NOMEHOST>
<192.168.1.1> <FQDN> <NOMEHOST> [apelido1] [apelido2 ...]
::1       localhost ip6-localhost ip6-loopback
ff02::1   ip6-allnodes
ff02::2   ip6-allrouters

# Fim do /etc/hosts
EOF

Os valores <192.168.1.1>, <FQDN> e <NOMEHOST> precisam ser mudados para usuários(as) ou exigências específicos(as) (se atribuído um endereço de IP por um(a) administrador(a) da rede de comunicação/sistema e a máquina estará conectada a uma rede existente de comunicação). O(s) nome(s) de apelido(s) opcional(is) pode(m) ser omitido(s).